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"A educação era o único caminho para mudar a vida de minha família", afirma juiz Rinaldo Aparecido Barros, ex-vendedor de sorvetes

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Histórias de sacrifício pessoal e familiar para garantir o estudo e possibilitar a realização do sonho de ser juiz. Essa é realidade de muitos magistrados, desconhecida pelo público em geral, e que é tema da nova campanha da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO), intitulada "Juiz cidadão - Do berço à toga". Acompanhe também as publicações também no Facebook, Instagram e Twitter da ASMEGO.
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O objetivo é demonstrar que há magistrados de todas as origens e esclarecer que o acesso à carreira é via concurso público: ferramenta democrática e isonômica, garantindo a todos a possibilidade de ingresso por meio do estudo e da moral ilibada.
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Segundo magistrado a participar da série, o juiz Rinaldo Aparecido Barros, que começou a trabalhar aos 7 anos como vendedor de sorvetes, compartilhou sua história inspiradora marcada pelo esforço pessoal e de sua família. Leia, abaixo, o seu relato.
História do juiz Rinaldo Aparecido Barros
Nasci em 09 de janeiro de 1965, em Patrocínio, MG. Sou filho de Jahir de Barros e Altina Ribeiro de Barros. Ele, trabalhador desde a mais tenra idade, foi, dentre várias atividades que desempenhou, foi sapateiro e, mais tarde, tornou-se oficial de Justiça de nossa terra , natal, nomeado nos anos 60, por indicação e por confiança do juiz de Direito, seu cliente na sapataria, e concursado nos anos 90. Ela, da mesma forma, sempre trabalhou muito desde os primeiros anos de vida, é dona de casa, mãe extremosa e ainda continua nas atividades do lar, porque nasceu para servir com amor. Com o incentivo de ambos, entendi, na primeira infância, o valor do trabalho e da educação.

Assim, aos 7 anos, comecei a vender sorvetes; aos 11, me tornei jornaleiro; aos 15, fui trabalhar de Office Boy na Caixa Econômica Federal; aos 18, já aprovado no vestibular para o curso de Direito na Universidade Federal de Uberlândia, comecei a trabalhar em um escritório de advocacia. Depois de várias outras experiências profissionais, inclusive em Portugal, decidi me tornar magistrado, tendo sido aprovado em 2001. Sempre, porém, a educação teve prioridade na minha vida, por compreender que é o único caminho para mudar a história de minha família.

Meu pai nos recordava, diariamente, que a instrução escolar – a educação é de berço, dizia ele – era a chave para transformação de nossas vidas e de nosso País. Ele conseguiu incutir esse pensamento na família com tanta força, que seus dois irmãos mais novos, também sapateiros, se graduaram em Direito e um deles, Maurício Barros, se tornou desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Meus três irmãos Gilberto, Célia e Vânia, igualmente, se graduaram em Direito e são advogados.

Muitas dificuldades pessoais, familiares e profissionais foram enfrentadas, com o apoio inestimável e incondicional de minha querida esposa Tania Regina Pellaquim Barros, companheira de vida e de lutas, até alcançar o sonho de ser Magistrado. No entanto, “A luta é lei da vida, devendo ser enfrentada uma e mil vezes, não com insegurança, senão com plena consciência de que é ineludível.” (Sabedoria Logosófica).

Como magistrado já atuei em mais de vinte comarcas: como titular, em Cavalcante, Niquelândia, Jaraguá e, agora, em Catalão, e, como respondente, em diversas outras. Após a criação do Conselho Nacional de Justiça, além do trabalho jurisdicional, os juízes de Direito também passaram a atuar como agentes de transformação social. Nesta condição, participei da construção do Lar Almir Araújo Dias, com capacidade para abrigar 72 idosos, em Niquelândia, e da edificação da Apae de Jaraguá, que aumentou sua capacidade de atendimento de 80 para 240 alunos.

Por outro lado, desde 2010, desenvolvo um trabalho de enfrentamento ao tráfico de pessoas perante o Conselho Nacional de Justiça, que já promoveu cinco Simpósios Internacionais para abordar o tema e criou o FONTET - Fórum Nacional para o Monitoramento e Solução das Demandas Atinentes à Exploração do Trabalho em Condições Análogas à de Escravo e ao Tráfico de Pessoas, bem como seu Comitê Nacional Judicial, do qual sou membro. Para ampliar os canais de discussão do tema, idealizei o site www.traficodepessoas.org.

O que mais me motiva na Magistratura é perceber que o Judiciário é o último bastião das liberdades, o derradeiro refúgio do cidadão e que o meu trabalho pode ser a diferença para a construção de um País mais justo, solidário, livre, democrático, pois que, ao dizer o Direito, como representante do Estado Juiz, atuo não somente na solução de conflitos pessoais, mas, sobretudo, no fortalecimento do Estado de Direito.

Ao completar 36 anos de idade, fui atraído pela Magistratura, com o pensamento de que poderia fazer algo a mais pela Sociedade. Depois de pouco tempo, percebi que a escolha por este caminho, às vezes árduo, foi a mais correta de minha vida profissional. Depois de 15 anos, sinto-me sinto feliz e realizado, com a certeza de que acertei ao optar por esta profissão.

O Poder Judiciário, atualmente, é mais conhecido da sociedade, que compreende melhor o seu papel na sustentação da Democracia. A Magistratura conta com profissionais de excelência e dedicados, que tem amparado cada vez melhor os jurisdicionados. Qualquer cidadão que se sinta comprometimento com esta causa de servir bem ao público, tenha inteireza de ânimo e paciência à toda prova, está apto a se tornar um Magistrado e está convidado a cumprir a missão de dizer o Direito!

No site da ASMEGO, há várias informações sobre a carreira da Magistratura e sobre o belo trabalho realizado pelos magistrados em Goiás e no Brasil.

Fonte: Assessoria de Comunicação da ASMEGO | Mediato Multiagência. Fotos: Acervo pessoal e CCS-TJGO