Associação dos Magistrados do Estado de Goiás

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Ações de prevenção e atenção às vítimas são temas do 3º painel do Simpósio Internacional para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas

Finalizado há pouco o terceiro painel do Simpósio Internacional para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que está sendo realizado no auditório da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO). O evento internacional apresenta dois painéis na tarde desta segunda-feira (14), com temas referentes a ações de prevenção com foco na atenção às vítimas.


O professor doutor da UnB, Mario Angelo, abriu os trabalhos apresentando um vídeo com relato de uma vítima ao tráfico de pessoas, ocorrido no estado de Goiás. O professor abordou os principais fatores de vulnerabilidade e riscos que as vítimas enfrentam no período de ‘cárcere’ a que são impostas, como o abuso do álcool, outras drogas e agravamento da saúde decorrentes do não-acesso a medidas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.


A professora doutora, pesquisadora e antropóloga da Unicamp, Adriana Piscitelli, apresentou as problemáticas do tráfico de pessoas no âmbito acadêmico e sobre a aplicabilidade de metodologias diferenciadas para casos específicos de tráficos e não somente como os divulgados atualmente na mídia, com foco na sexualidade e com imagens que remetem à ‘pedagogia política do sentimento’. Na visão da doutora, as reportagens incitam o choque, a indignação e horror. “As imagens podem surtir efeitos de mobilização e incentivar a denúncia num primeiro momento. Mas quando se pensa nas vítimas, essas metodologias podem diluir-se porque essas imagens não conseguem fazer com que as pessoas, vulneráveis à situação, conheçam a fundo do que realmente se trata o tráfico de pessoas, fazendo com que arrisquem a vida”, analisou Piscitelli.


A juíza do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), Andréa Pachá, elogiou a iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) por trazer à tona a discussão sobre um problema social que está há tempos fora do Poder Judiciário. “É bom que se diga que durante quase 10 anos o Poder Judiciário ficou alheio a essa pauta. E depende dele uma série de medidas, não somente punitivas como foram feitas recentemente no Código Penal, mas muito mais pelo papel protagonista de identificar essas vítimas, direcioná-las ao atendimento devido e dar a visibilidade que o assunto merece”, destacou a juíza. Andréa Pacha também enfatizou o papel importante de atuação do Judiciário na criação de campanhas de esclarecimento sobre o assunto não somente à população, mas também aos magistrados.


O evento se estende até amanhã e pode ser acompanhado em tempo real por meio do portal do CNJ, no endereço eletrônico: http://www.cnj.jus.br/evento/eventos-realizados/apresentacao. A programação completa pode ser acessada em http://www.tjgo.jus.br/simposio_etp/


Confira aqui fotos do evento.