A cada dia que um herói cai, o Brasil amanhece mais inseguro. Com grande pesar, a Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO) vem prestar solidariedade a família, amigos e colegas do policial militar de Minas Gerais Marcos Marques da Silva, de 37 anos. Assassinado cruelmente por bandidos armados com fuzis, ele cumpria sua missão de proteger a sociedade tentando evitar um assalto a banco. O crime ocorrido na manhã desta segunda-feira, 10, na cidade mineira de Santa Margarida, é mais uma consequência da grave situação da segurança pública no país: o efetivo total do município é de cinco PMs. Infelizmente, esse assassinato não é um crime isolado. Cada vez mais, agentes da segurança pública têm suas vidas ceifadas no exercício da profissão e este processo precisa ser interrompido.
O assassinato do jovem policial revela ainda de uma grave inversão de valores pelo qual passa a sociedade brasileira. Hoje, autoridades são colocadas na mira, não só de criminosos, mas do Estado, que cria novas medidas para defender a liberdade de malfeitores e não investe em proteção de seus próprios agentes, que acabam se tornando mártires. Um exemplo é a audiência de custódia, medida criada para evitar o aumento da lotação do sistema prisional, minimizando ao Poder Executivo a necessidade de se criar novas vagas. A ASMEGO e a Magistratura goiana já se manifestaram recorrentes vezes contra a medida.
Além disso, há a disseminação de um discurso de vitimização dos criminosos e culpabilização do policial, que é o agente da linha de frente no combate ao crime. Os policiais atuam, em sua grande maioria, como guerreiros e agentes vocacionados para cumprir a sua missão. Sem estrutura e número adequado de colegas, eles levantam todos os dias sem a certeza de que irão voltar para casa e rever novamente suas famílias. É injusto, por certo, culpá-los do caos na segurança pública, na medida, em que cada vez mais os direitos de quem comete crimes são reforçados.
A ASMEGO e os juízes de Goiás unem-se aos PMs de todo Brasil neste momento de luta e alerta a sociedade brasileira de que é preciso apoiar as autoridades que combatem o crime. Como parte deste processo, os magistrados também sofrem deste processo de inversão de valores. Hoje, o nosso Estado é o quinto no ranking de juízes ameaçados, segundo o Diagnóstico da Segurança Institucional do Poder Judiciário, do CNJ. Também reconhecemos a função essencial dos policiais militares: sem eles não há Justiça. Esperamos que casos assim não voltem a acontecer novamente. Queremos policiais bem equipados e respeitados para que a vida de cada cidadão esteja assegurada.
Garantimos que crimes como esse não cessam em nós, membros do sistema de Justiça, a chama por seguir na luta pelo fim da criminalidade. Pelo contrário, seguimos adiante no enfrentamento aos bandidos. A morte do cabo Marcos Marques da Silva não será em vão.
Wilton Müller Salomão,
presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO)