A Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO) sedia, nesta quarta-feira (7/11), o Fórum de Justiça Terapêutica - Dialogando Políticas Públicas para a Cidadania. O evento, que teve início às 8 horas, comemora dois anos do projeto. Na ocasião, a idealizadora e coordenadora do Fórum, juíza Maria Umbelina Zorzetti, aproveitou para solicitar junto ao governo estadual a cessão de um terreno ao lado do Fórum Criminal, no Jardim Goiás, para construção de uma sede própria. O documento foi repassado ao representante do governador Marconi Perillo no evento, o procurador do Estado Alexandre Tocantins.
Durante a solenidade de abertura, a juíza Maria Umbelina Zorzetti agradeceu e reconheceu o comprometimento da equipe envolvida com o projeto. “Agradeço primeiro a Deus, porque quem lida com drogas sabe que sem Deus nós não conseguimos. Em segundo lugar, quero reconhecer o trabalho e o comprometimento da equipe multidisciplinar do TJGO. Por fim, não posso deixar de reconhecer o trabalho prestado pelo presidente Leobino, que despacha com rapidez todos os nossos requerimentos”, completou.
A coordenadora não se esqueceu dos juízes criminais, familiares, beneficiários, prefeitura, OAB-GO, e ainda do Ministério Público do Trabalho, que tem auxiliado o projeto. “Não adianta o tratamento se eles não forem inseridos no mercado de trabalho”, afirmou. Maria Umbelina disse ainda que é preciso que a sociedade perceba que as drogas são problemas coletivos, de todos e não só do Estado.
Criminalidade
“As drogas adoecem a sociedade e a gente espera muito do governo. O que temos que entender é que este problema é de todos nós. A responsabilidade muitas vezes começa na família. Nós do Judiciário acreditamos que se auxiliarmos nesta luta teremos menos crimes, menos processos. Apesar do pouco tempo, já conseguimos perceber essa diferença. A Justiça Criminal entendeu que pode auxiliar na construção desse mundo melhor”, garante Maria Umbelina.
Um dos beneficiários do programa, Francinaldo Lima dos Santos, deu seu depoimento e afirmou que a família não possuía estrutura e o primeiro contato com as drogas foi aos 14 anos. “A partir do momento que conhecemos as drogas e começamos a nos relacionar com pessoas do meio, começam também os crimes. Na primeira vez em que fui preso, fui julgado, cumpri minha pena e fui colocado em liberdade. O que acontece é que não tive nenhum auxílio e comecei a cometer novos delitos”, recorda.
Segundo Francinaldo, não demorou e aconteceu a segunda prisão. Desta vez, entretanto, foi apresentado ao Projeto Justiça Ativa. “Eu queria retribuir a confiança. Pensava: não vou decepcionar quem confiou em mim e isso me deu forças. Posso dizer que hoje estou livre, não sofro abstinência e tenho este programa como uma escola para a minha vida”.
O beneficiário disse ainda que o Justiça Terapêutica melhorou seu convívio social, com a família e tem lhe dado várias oportunidades. “Hoje faço lá um curso profissionalizante, voltei a estudar e concluo o ensino médio neste ano. E não para por aí: quero fazer faculdade e me formar. É preciso que as pessoas entendam que só punir não resolve, é preciso nos dar uma chance”, finalizou, emocionado.
O evento contou também com a presença do desembargador Walter Carlos, representando o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Leobino Valente Chaves; secretário municipal de saúde, Elias Rassi, representando o prefeito Paulo Garcia; procuradora Janilda Guimarães, representando o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Goiás, Januário Justino; o presidente da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), Edemundo Dias; presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, Alexandre Prudente e do vice-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Eriberto Francisco, entre outras autoridades.
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