“Vivemos um momento conturbado e muito polarizado no debate político, ambiente em que afloram extremismos de toda ordem", alertou, na abertura, o presidente da AMB, juiz João Ricardo Costa
A noite desta quarta-feira (22) marcou a abertura do III Congresso Internacional de Direitos Humanos, em Palmas (TO). O evento faz parte do Programa do Programa de Mestrado Profissional e Interdisciplinar em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) – em parceria com a Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmat) – e tem como tema central “O respeito aos direitos humanos com o advento da globalização e diversidade das configurações sociais”.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa, foi recebido pelos anfitriões na mesa de abertura das discussões. Marco Villas Boas, presidente da Esmat, o presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), Ronaldo Eurípedes e Márcio Antônio da Silveira, reitor da UFT, deram as boas-vindas aos convidados e ao público e falaram sobre a extrema importância deste tipo de debate, reforçando que uma democracia existe apenas com a garantia dos direitos humanos.
O discurso foi endossado pelo presidente do Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura (Copedem), Antônio Rulli Júnior, que citou teorias da ciência política e econômica ao longo da história para falar sobre a influência do capitalismo na violação dos direitos humanos. “O capitalismo tende a criar um círculo vicioso de desigualdade, havendo uma concentração cada vez maior da riqueza. Isso pode levar a um descontentamento geral”, explicou.
Responsável pela conferência de abertura do evento, com o tema “Os Movimentos Sociais no Contexto da Reforma Política no Brasil”, o presidente da AMB fez um resgate da atuação dos movimentos sociais e comparou o momento que vivemos com diferentes épocas, traçando um paralelo entre o comportamento da sociedade em cada situação histórica.
“Vivemos um momento conturbado e muito polarizado no debate político, ambiente em que afloram extremismos de toda ordem. É parecido, guardadas as proporções, com a fase entre-guerras, quando essa irracionalidade foi tomando conta da sociedade alemã - culminando no fascismo e nazismo. Isso foi obra de um povo que foi crescendo num espírito de raiva, irracionalidade”, exemplificou.
Costa alertou ainda que, historicamente, a área de direitos humanos sofre avanços e retrocessos, e para que consiga se avançar é preciso mudar atitudes e acabar com crenças ilusórias. “As pessoas demonstram raiva dos movimentos de direitos de direitos humanos, porque têm uma falsa ideia de que eles existem para defender criminosos, mas a verdade é que eles existem para defender os direitos de todos. Temos que mudar urgentemente essa compreensão da sociedade brasileira”, destacou.
Outro ponto crucial, de acordo com Costa, é trabalhar a cultura de direitos humanos nas escolas e na vida acadêmica. O magistrado ainda falou sobre a importância da reforma política e do combate ao uso predatório da Justiça para que o cidadão consiga viver em um ambiente mais igualitário e justo e ressaltou uma nova forma do povo brasileiro de se organizar: “Hoje em dia, o movimento social que vemos nas ruas é espontâneo, formado nas redes sociais. Cada um sai com seu cartaz, sua camiseta, sem liderança. Cada um é o líder de si mesmo, com a sua pauta de reivindicações”.
O III Congresso Internacional de Direitos Humanos, em Palmas (TO) segue nestas quinta (23) e sexta-feira (24), com palestras de representantes de diversos países, como Brasil, Chile, Espanha, França, Paraguai, Portugal, Reino Unido.
Veja aqui a programação completa.
Fonte: Ascom/AMB