O auditório da ASMEGO recebeu dezenas de alunos da instituição e ouvintes. Neste sábado, o estudioso mineiro também vai ministrar aula na Escola da Magistratura
Foram cerca de duas horas de olhares atentos às palavras do procurador da República Eugênio Pacelli, que ministrou, nesta sexta-feira (14), a palestra “A Prova e a Construção da Verdade Judicial”, no auditório da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO). O evento compõe o módulo de Direito Processual Penal do curso de pós-graduação em Ciências Criminais da Escola Superior da Magistratura do Estado de Goiás (ESMEG). Alunos da instituição e ouvintes acompanharam a explanação a partir das 19 horas.
“Foi, apenas, uma abertura. Aqui, apontei alguns princípios e pude dizer qual é, atualmente, a estrutura constitucional do processo e quais são os princípios constitucionais fundamentais. Deu, também, para antecipar como estes princípios estão sendo trabalhados no Direito brasileiro. É um conjunto de ideias interessantes, mas que não dá para tratar tudo só na palestra”, disse o procurador que, neste sábado (15/03), volta à Esmeg para ministrar aula aos alunos da especialização da instituição. A diretora da escola, juíza Maria Socorro de Sousa Afonso Silva, e o vice-diretor, juiz Ademar José Ferreira, também estarão presentes.
Novo livro
Também no auditório, a Editora Atlas manteve um estande de vendas com várias das publicações assinadas pelo procurador Eugênio Pacelli. A nova edição do livro “Curso de Processo Penal pode ser adquirida pelos ouvintes e pelos quase 70 alunos – entre juízes, policiais civis e militares, bombeiros, advogados e bacharéis em Direito, membros do Ministério Público e servidores do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) – de forma exclusiva. “É para o dia-a-dia de qualquer magistrado e demais profissionais que atuam no Direito”, destacou o procurador.
Interessados no tema vieram de diversas localidades para acompanhar a palestra. “Eu soube da aula através do site do Sindjustiça – Sindicato dos Servidores e Serventuários da Justiça do Estado de Goiás. Tenho bastante interesse na área Penal e vim, hoje, aperfeiçoar o que já sei e aprender coisas novas”, disse o oficial de justiça que atua na Cidade Ocidental, região do Entorno do Distrito Federal, Edgar Ítalo Marques.
Tornozeleiras eletrônicas
Juíza Luciana Nascimento
Entre os assuntos abordados, o procurador da República defendeu a necessidade de se buscar opções para evitar o encarceramento de presos. Eugênio Pacelli chegou a defender o uso das tornozeleiras eletrônicas – medida adotada, oficialmente, essa semana, em Goiás. “Deve-se recorrer a elas (as alternativas), sempre. Você evita, com isso, o excesso de encarceramento. Porque quem está aqui, do lado de fora, se esquece que, quem vai lá para dentro (dos presídios), às vezes sai até pior”, frisa.
Outra necessidade real, a de produção de provas processuais com melhor qualidade, também foi alvo de discussão na palestra. Para o procurador, há uma série de questões que precisa ser bem estudada por quem faz uma investigação. “É preciso investigar mais a fundo, procurar elementos. E aí o Estado precisa aparelhar com mais materiais probatórios seus núcleos destinados a esta atividade, sob pena de realizar injustiças”, diz. “Também tem que haver uma mudança de pensamento em determinados casos. Eu acho que a palavra da vítima, em crimes violentos, é pouco para se apontar a autoria”, completa.
“Palestras assim são muito importante, sobretudo para nós, juízes do interior. Nesses momentos é que podemos pensar, realmente, o Direito. Quero ouvir a opinião do procurador sobre a verdade judicial”, comentou a juíza Luciana Nascimento, da comarca de Turvânia.
O procurador em Goiás e na Esmeg
Eugênio Pacelli e juiz André Reis Lacerda
O tempo de explanação foi considerado pouco pelo procurador, que diz se sentir bem em Goiás. “Já estive aqui várias vezes. Mantenho uma relação bastante fraterna com o estado. Quando a Esmeg, também acompanho o trabalho já há algum tempo e sempre que posso compareço”, diz.
Coordenador de cursos de extensão da ESMEG e diretor da ASMEGO, o juiz André Reis Lacerda considera a realização de palestras como a desta sexta-feira não só como uma preocupação com o nível de ensino oferecido pela instituição, mas também com a necessidade do Tribunal de capacitar os juízes. “A ESMEG tem, por função, capacitar alunos da escola em geral e comunidade jurídica. E existe a necessidade de, cada vez mais, nos aprofundarmos em temas palpitantes. Precisamos estudar e buscar as fontes e, com a vinda do professor Pacelli, todo mundo sai ganhando”, disse.
Também atento a palestra, o presidente da ASMEGO, juiz Gilmar Luiz Coelho, elogiou a iniciativa de realizar o evento. “A Esmeg trouxe um palestrante renomado na área. Isso é importante para que os que atuam no Direito possam desfrutar desse conhecimento. A Escola está de parabéns”, comentou.
Mestre em Direito e doutorando em sociologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenador do curso de pós-graduação em Ciências Criminais da Esmeg, o advogado Gaspar Alexandre Machado de Sousa destacou a qualidade das aulas ministradas pela instituição. “Na nossa especialização temos feito algo interessante, que é: aliar a competência docente de mestres e doutores e, ao mesmo tempo, profissionais da área jurídica específica criminal. São juízes, promotores, advogados, delegados... E eles podem passar muito conhecimento aos alunos”, lembrou.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ASMEGO. Texto e fotos: jornalista Victor Hugo de Araújo