Associação dos Magistrados do Estado de Goiás

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Desembargador Djalma Gouveia é homenageado por Conselhos Tutelares


O desembargador aposentado Djalma Tavares de Gouveia foi homenageado na manhã desta segunda-feira (22/10) pelos serviços prestados à frente do Juizado da Infância e Juventude de Goiânia durante os anos de 1967 a 1974. Uma foto do magistrado foi afixada no Conselho Tutelar da Região Norte e outros cinco quadros iguais serão afixados nos demais conselhos tutelares de Goiânia. Participaram ainda do evento o presidente do Conselho Norte e também dos conselheiros de Goiânia, Paulo Henrique Rodrigues e a conselheira Lúcia Viana.


A cerimônia teve início por volta das 10h30 e contou com a presença de amigos e familiares, entre eles a esposa, Hivamny Assis, e as filhas Janise e Janice Gouveia. Grandes companheiras de trabalho do desembargador no Juizado da Infância também fizeram questão de comparecer. Regina Dias Ribeiro, que foi representante da Fundação Nacional do Bem Estar do Menor em Goiás e a assistente social Liomar Ludovico levaram seus cumprimentos.


Com a palavra, Djalma relembrou a chegada ao juizado e as mudanças ocorridas até a atualidade. “Quando me mudei de Ipameri para a Capital e assumi o Juizado da Infância não havia delegacias especializadas. A viatura era um Jipe velho e minha sala era dividida com vários outros profissionais no Palácio. Eu nem sabia o que era 'código do menor', na faculdade não ensinavam isso. Tive que aprender na prática e minha equipe foi fundamental para o trabalho realizado”, completou.


Liomar contou que na época em que ainda não existia a Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), os menores ficavam em celas comuns e os programas de reinserção não existiam. “Certo dia cheguei em uma delegacia e vi um jovem infrator limpando o chão. O delegado me disse: 'Tá vendo esse menino aí? Não se recupera não.' Daquela forma não se recuperava mesmo."


O desembargador afirma que muita coisa foi feita ao longo dos anos e que as conquistas foram várias. Apesar de saber que muito ainda deve ser feito pelos jovens infratores, ele disse lamentar que as ações já realizadas pelo Estado tenham tão pouca divulgação. Outro problema atual questionado pela assistente Liomar é a constante troca de profissionais dentro dos órgãos estaduais e municipais.


Humildade e companheirismo


Na primeira decisão, que envolveu mandado de busca e apreensão, ele recorda que chegou a ser questionado pela assistente social Liomar. “Eu tinha sugerido a ele que antes de efetuar mandados desse tipo nos comunicasse. Um dia, quando estava indo embora, eu vi uma mãe chegar com cinco filhos chorando e logo fui na sala dele, alterada emocionalmente. Ele estava entrevistando um novo funcionário e eu perguntei sobre o mandado. O desembargador disse que tinha tomado a decisão e quando falei das crianças chorando ele disse que ia precisar de mim”, recordam os dois sorrindo.


Liomar diz que aprendeu a respeitar o desembargador pela humildade, pela forma tranquila de tomar decisões sempre pensando em ações futuras. “Ele nunca se colocou em um pedestal e nunca vestiu a toga de juiz para agir com autoridade. Djalma era coordenador de uma equipe, era companheiro e nos tratava de igual para igual. Nós éramos todos inexperientes e fomos aprendendo juntos”, garante.


Emocionado, o desembargador revelou situações que nunca tinha sequer contado para a família. “Certa vez prenderam uma quadrilha de menores que havia sequestrado um médico no Hospital Santa Helena. Ele foi levado para o matagal e chegou a ser amarrado na saída para Bela Vista. O chefe dessa quadrilha chegou a matar um policial exemplar. Quando foi detido, disse para a delegada que o juiz da infância e juventude é que seria sequestrado. Havia muitas pressões, podia ter sido eu”, lembra.