Eleitores de Hidrolândia, a 230 quilômetros de Brasília, estão testando hoje (21) o sistema de identificação biométrica, que será utilizado pela primeira vez em Goiás nas próximas eleições do dia 3 de outubro.
Durante a manhã, os eleitores tiveram problemas com a identificação por meio da impressão digital e só conseguiram ter a urna liberada após quatro tentativas, em média.
O motorista Edvânio Vieira só votou após a liberação da urna pelo mesário. Ele tentou a identificação com os polegares e os indicadores das mãos esquerda e direita, sem sucesso. “Tinha que dar certo de primeira. A nota hoje é zero. Tomara que no dia funcione melhor."
“Se for assim no dia da votação, vai dar problema. A fila vai ficar grande, as pessoas vão reclamar”, prevê o presidente de uma das seções eleitorais, Adriano Chialchia.
De acordo com secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás, Dori Gonzaga, a dificuldade de identificação pode ser explicada pelas condições das mãos dos eleitores.
“É uma cidade com muitos agricultores, que utilizam produtos químicos, têm as mãos ressecadas, o que dificulta a captura das digitais”. Para resolver o problema, no dia da votação, segundo Gonzaga, cada seção terá um kit com lenços umedecidos para os eleitores.
Além da limpeza das mãos, os técnicos também podem alterar as configurações do identificador para facilitar a leitura das impressões digitais. No dia votação, os casos de eleitores não identificados pelo sistema biométrico serão registrados em ata. Há previsão de 1% de falha nos identificadores de digitais.
Apesar da dificuldade na identificação, o novo sistema agradou a funcionária pública Maria Helena de Jesus, que fez questão de comparecer ao ensaio da votação. “Achei ótimo. Assim não tem como outra pessoa votar no lugar da gente. Eu voto há 30 anos e acho que isso vai melhorar muito, não vai ter risco”, disse, após deixar a seção eleitoral.
O estudante Marcos Vinicius Dias, de 18 anos, vai votar pela primeira vez e também aprovou a novidade. “Achei bem legal, fácil. Para votar é que tem que trazer uma colinha, são muitos votos”, disse.
O chefe do cartório eleitoral de Hidrolândia, Fernando Sado, reconhece que o novo sistema de identificação pode aumentar o tempo de espera dos eleitores na fila, mas argumenta que a vantagem na segurança compensa os possíveis contratempos. “Talvez demore um pouquinho mais, mas nada que atrase muito o processo. E o custo benefício é muito grande."
Até o primeiro turno das eleições, no dia 3 de outubro, Sado disse que as possíveis falhas serão resolvidas pelo TRE. “Queremos aproximar a urna do cidadão. O intuito hoje aqui é mesmo simular. Se tiver que dar algum problema, que seja hoje para dar tempo de resolver."
Hidrolândia é um dos 60 municípios brasileiros, em 23 estados, que estão participando hoje da simulação da eleições com uso de urnas biométricas.