São 34 peças de argila que demonstram várias situações específicas de quem viveu na zona rural. O público pode conferir a mostra até o dia 28, no hall térreo do Tribunal de Justiça, em Goiânia
Os processos artesanais para fabricar farinha e separar algodão são algumas das situações representadas pelo escultor Carlos Antônio da Silva, na exposição Cenas do Cotidiano, aberta nesta terça-feira (18) no Espaço Cultural Goiandira do Couto. São 34 peças de argila que demonstram várias situações específicas de quem viveu na zona rural. O público pode conferir a mostra até o dia 28, no hall térreo do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).
Natural de Goiandira, o artista procura sempre reproduzir elementos que foram comuns a sua infância. “Nasci e cresci na roça e via meus familiares nessas circunstâncias verdadeiras e bonitas”. Nos detalhes, rádios de pilha, instrumentos rudimentares completam cada cenário.
Carlos Antônio é autodidata e sempre gostou de arte, antes encarando-a apenas como um hobby. Contudo, quando sua empresa de manutenção de máquinas de escrever foi, em suas palavras “engolida pela informática”, em 1998, percebeu no talento uma forma de trabalho. Começou como auxiliar de uma empresa que confeccionava murais de cerâmica até que resolveu seguir carreira solo.
Hoje, tem, no currículo, várias exposições como no Palácio do Comércio e no Parque Anhembi, em São Paulo. “Mostrar o meu trabalho no TJGO é mais uma oportunidade de valorização e reconhecimento pelo público”, sintetiza o artista.
As peças estão também a venda, com preços entre R$ 380 e R$ 1,2 mil, mas só poderão ser retiradas ao fim da mostra. Cada obra pode levar até dez dias para ficar pronta: ele esculpe com argila, deixa secar por cerca de seis dias e, depois, leva ao forno a lenha por mais 30 horas. “Todo o processo é feito por mim e rigorosamente acompanhado. São esculturas sensíveis, que podem, facilmente, ser quebradas”, conta o escultor.
Segundo o assessor cultural do TJGO, Gabriel Nascente, a obra de Carlos Antônio enriquece o espaço público e democratiza a arte.
Abertura
Na solenidade que marcou o início da exposição, o grupo Viva a Vida, formado por cantoras da terceira idade, cantou várias canções de compositores nacionais, como Noel Rosa, Tim Maia e Chico Buarque. A apresentação foi prestigiada pelos desembargadores Ney Teles de Paula e Luiz Cláudio Veiga Braga, entre o público.
“A sociedade tem carência de manifestações culturais. É de extrema importância o TJGO promover essas iniciativas, num local de acesso fácil, com grande circulação de pessoas, possibilitando acesso de grande e variado público, como magistrados, advogados, servidores, transeuntes e população em geral”, destacou Veiga Braga.
Uma das pessoas que visitava a exposição, a aposentada Olívia Curado, se disse emocionada com a beleza das obras. “Evoca lembranças e me faz voltar ao tempo em que visitava parentes na fazenda. Além de tudo, são peças muito bem feitas, esse artista é um gênio!”, exclamou.
O funcionário público federal José Souza também compartilha a opinião. “Viajei para a roça sem sair do lugar”, brincou, em referência ao seu passado.
Fonte: Lilian Cury / Fotos: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social