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Estudo aponta que maior flexibilização na aplicação de penas alternativas poderia reduzir em 25% população carcerária no País










 


Pesquisa realizada pelo Ministério da Justiça, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e Fundação Getúlio Vargas, divulgada no início deste mês em Manaus (AM), aponta que 25% da população carcerária que cumpre pena no Brasil -aproximadamente 59 mil pessoas- poderia deixar os presídios se a Justiça flexibilizasse critérios para aplicação de penas alternativas.


O levantamento sugere alterações em exigências que impedem a conversão em medidas alternativas, como a não-reincidência ou a ausência de grave ameaça. Com as mudanças, as penas alternativas poderiam ser aplicadas em 90% dos crimes. Os crimes que poderiam ser beneficiados pelas penas alternativas, segundo a pesquisa, são pequenos furtos, estelionato, acidentes de trânsito, uso de drogas e lesões corporais leves.


A coordenadora-geral do Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Ministério da Justiça, Márcia de Alencar Araújo, diz que a pesquisa que aponta sugestões para a redução da população carcerária no Brasil servirá de base para uma força-tarefa do ministério que vai enfocar a alta criminalidade e alternativas para quem cometeu crimes mais leves. "Chamo de higienização da população prisional. Tirar quem está preso por crimes leves e pôr quem deveria está preso, garantindo as condições de administração e funcionamento adequados do sistema."


Para uma das autoras da pesquisa, Maíra Rocha Machado, doutora em direito pela Universidade de São Paulo, a proibição da reincidência deveria ser abolida. "[Atualmente] uma pessoa que já passou pelo sistema carcerário e voltou a cometer um delito não pode ser apenada de outra forma. O juiz que deve fazer essa valoração está impedido."


De acordo com a pesquisa, que usa dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça, 35% da população carcerária do país é composta por presos provisórios. A população nos presídios em fase de execução da pena é de 235.037 pessoas - 66% em regime fechado, 25% no semi-aberto e 8% no aberto. O tempo de pena de até quatro anos é cumprido por 25% dos presos. De quatro a oito anos por 28%; de 8 a 15 anos por 22% e 25% cumprem acima de 15 anos de prisão.