Associação dos Magistrados do Estado de Goiás

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Jornal destaca artigo de juiz sobre novo presídio de Trindade

Artigo do juiz Éder Jorge, titular da 2ª Vara Judicial de Trindade, diretor para Assuntos Institucionais da Associação dos Magistrados de Goiás (Asmego) e membro do Conselho Científico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


No início do ano de 2008, decretei a interdição do presídio de Trindade, cidade da região metropolitana de Goiânia, com 106 mil habitantes, tendo em vista a superlotação e as péssimas condições de salubridade, em flagrante ofensa à Lei de Execuções Penais e ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.


Na decisão de interdição, já apontei a solução, que foi a adaptação de um complexo de prédios originalmente destinado à recuperação de dependentes químicos, mas que desde sua inauguração, em 2004, encontrava-se desocupado. Após recurso interposto pelo Estado de Goiás, o E. Tribunal de Justiça confirmou in totum a referida decisão, numa nítida demonstração de preocupação com a questão carcerária.


Pois bem, praticamente sem apoio estatal, conseguimos levantar recursos para a adaptação do prédio para presídio. Após mais de um ano e em meio a inúmeras dificuldades, o projeto, enfim, recebeu os reeducandos no dia 25.11.2009, em condições dignas e humanas, que certamente lhes proporcionarão recuperação e ressocialização.


Com efeito, o prédio conta com instalações apropriadas aos reeducandos do regime fechado, semiaberto, bem como às mulheres. Tanto os sentenciados do regime semiaberto quanto a população feminina não terão qualquer contato com os demais presos, nem mesmo visual. É como se fossem unidades prisionais distintas, em face da distância entre as mesmas.


Outro ponto importante é a alimentação dos reeducandos. Nesse complexo, há uma cozinha industrial capacitada para atender toda a população carcerária com folga. Isto significa comida quente e feita no local, ao contrário do que ocorria no CIS (presídio interditado e desativado). Como há uma horta no presídio, parte dos alimentos é produzida ali mesmo, e uma granja de porcos deve ser construída.


Quanto aos familiares dos detentos, estes terão local específico para aguardarem, pois foi construída uma recepção específica, não sendo preciso esperarem sob o sol e chuva, como ocorria no presídio interditado.


O deslocamento para esse novo presídio implicará na mudança de hábitos da população carcerária, melhorando os horários de banho de sol, visitas e possibilitando outros benefícios previstos na LEP, com mais qualidade de vida e dignidade. Como contrapartida, o Estado pode exigir maior disciplina e senso de responsabilidade dos reeducandos.


Também está em curso, para ser implantado nesse presídio, o projeto “Módulo de Respeito”, que é um tratamento diferenciado, mais flexível e menos rígido aos reeducandos de bom comportamento, idealizado pela Superintendência de Execuções Penais – Susep.


No que se refere às atividades profissionais, além da horta, em breve deve ser se instalada uma confecção da Hering, uma lavanderia industrial e outras atividades agrícolas e industriais.


Evidentemente, muitos detalhes ainda deverão ser observados e melhorados ao longo do tempo. Não houve recurso para tudo que pretendíamos, mas uma série de ideias tendentes à profissionalização, educação e saúde dos reeducandos serão colocadas em prática paulatinamente. A intenção é melhorar a estrutura a cada dia.


A inauguração formal do presídio será marcada ainda para o mês de dezembro."