Idealizador de vários projetos de cunho social, o juiz Liciomar Fernandes da Silva, de Mozarlândia, vem desenvolvendo na comarca mais uma ação voltada para o bem-estar da comunidade local e para a promoção da paz. Prova da sua disposição e boa vontade é a medida sócio-educativa de leitura de livros para menores infratores, onde o próprio magistrado, com auxílio de orientação pedagógica por profissional habilitado, auxilia no momento de tomar a lição dos novos aprendizes. Nessa quarta-feira (3), o juiz realizou mais uma audiência com os menores, que adquiriram o hábito da leitura. A iniciativa conjuntamente com outras medidas são desenvolvidas pelo magistrado com crianças ou adolescentes que praticaram atos infracionais de menor potencial ofensivo e que comportam remissão.
Mencionando a importância da ação, Liciomar Fernandes explicou que na verdade o Ministério Público propõe a medida e o juiz só homologa a remissão mediante o compromisso do menor de que em um mês tenha lido pelo menos um livro da literatura brasileira e ao participar de uma audiência pré designada compareça perante o magistrado para responder perguntas pertinentes à obra. “Essa providência tem ganhado destaque na comarca, pois vários menores que passaram pela experiência tomaram gosto pela leitura e já buscaram outros livros para ler. Até as bibliotecas públicas de Mozarlândia tem ganhado mais movimento e leitores”, contou, ao apontar os livros O Estudante, de Adelaide Carrara, e Jovens Sarados, de Padre Léo, como os mais lidos pelos jovens.
Muito satisfeito com os resultados obtidos pelo sucesso do projeto, Liciomar lembrou que o Judiciário precisa estar mais próximo dos problemas da comunidade em que atua e possui papel fundamental no processo de promoção da paz social. Contou ainda que os pais dos menores, no momento em que acompanham os filhos na leitura dos livros e também nas audiências, sempre se emocionam ao perceber que por vezes cometeram erros na própria educação. “Muitos desses pais falharam com seus filhos, mas também presenciam momentos inesquecíveis como a percepção de que eles são capazes de cumprir sua obrigação, o que faz com que tenham mais responsabilidade sobre suas ações, e, além disso, adquirir maior conhecimento cultural”, pontuou.
Por entender que a única forma de equacionar os problemas relacionados a menores são famílias estruturadas e conscientes, Liciomar afirmou também que o hábito da leitura é um incentivo que falta para que uma criança ou adolescente desenvolva sua capacidade intelectual e tenha maior consciência do mundo ao seu redor. “Num mundo globalizado onde as informações são rápidas, abreviadas e codificadas, é preciso que as crianças e adolescentes tenham mais acesso à cultura, já que essa é uma das maiores carências do nosso Estado e também do nosso País. Um bom livro sempre enriquece o conhecimento, a alma e o espírito das pessoas”, ponderou.
Ao estabelecer um parâmetro de comparação entre as crianças e adolescentes que já cursam o segundo grau e aqueles que nunca tiveram a oportunidade de ler um livro, o magistrado observou que a carência cultural e a falta de paz de espírito são fatores de inquietude e sentimentos mais agressivos no jovens, além de revoluções sem causa específica. “Não posso resolver totalmente os problemas das crianças ou adolescentes mas pelo menos posso fazer algo que mude a vida de alguns desses menores”, ressaltou.