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"Juiz precisa pacificar intolerância da sociedade", diz ministra Carmen Lúcia

carmen-luciaUm dia após as manifestações contra a corrupção e em defesa da Lava Jato tomarem as ruas do país, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, fez um discurso em defesa os servidores e do Poder Judiciário, nesta segunda-feira (5), e pediu união nesse momento em que chamou de “extrema dificuldade”.

Os protestos desse domingo (5) tiveram como principais alvos o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e demonstraram apoio ao juiz Sergio Moro e à operação Lava Jato.

Segundo Cármen Lúcia há, hoje em dia, uma “enorme intolerância” da sociedade com a falta de eficiência do Poder Público e que o papel da Justiça é pacificar.

“Tenho convicção que será um encontro para a união, porque temos encontros comuns, mas deveres comuns num momento de extrema dificuldade. Há enorme intolerância com a falta de eficiência do poder público, o que nos leva a pensar em soluções para a sociedade não desacredite no Estado. O Estado tem sido nossa única opção. Ou é a democracia ou a guerra. E o papel da Justiça é pacificar”, afirmou a ministra durante abertura do 10º Encontro Nacional do Poder Judiciário. O objetivo do evento é traçar metas dos tribunais para 2017, principalmente para melhorar o agilidade nas decisões.

Cármen Lúcia, que também é presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), defendeu que, mais do que se reunir, os juízes precisam se encontrar. Ainda, afirmou que a sociedade brasileira passa por um momento de “encruzilhada” e que os servidores públicos devem atender seus interesses.

“Nenhum servidor público existe senão para atender um interesse específico. No nosso caso, espera que julguemos os conflitos e atuemos no sentido da pacificação especialmente num momento grave”.

“Ou a sociedade acredita numa ideia de Justiça que vai ser atendida por uma estrutura estatal e partimos para um marco civilizatório específico. Ou a sociedade deixa de acreditar nas intuições e por isso mesmo opta pela vingança, que é o caudatário ou a não resposta de Justiça, mas que é a vingança. Não esperamos, servidores do Poder Judiciário, que a sociedade em algum momento precise de desacreditar a tal ponto que resolva ‘fazer justiça pelas próprias mãos’, que nada mais é que exercer a vingança, que é a negativa da civilização”, ressaltou.

Com união, afirmou a ministra, será possível chegar a respostas e “apresentar ao povo brasileiro que estamos tentando com seriedade chegar exatamente ao que é nosso compromisso” e continuou: “Aquilo que não possamos cumprir, estejamos num momento com quase 80 milhões de processos que sejamos capazes de explicar e que estamos unidos e reunidos para tentar as soluções com a presteza que o cidadão existe”.

No mesmo evento, o ministro do STF Luiz Fux afirmou que hoje há uma crise institucional “muito grave” porque as pessoas não creem nas instituições e elas têm de manifestado.

“Entendo que o Judiciário não tem de fazer pesquisa de opinião pública para decidir casos subjetivos, mas entendo que o Judiciário deve contas à sociedade, que nos processos objetivos, que se discutem razões públicas e razões morais, nós, do Judiciário, devemos contas e devemos ouvir a sociedade. Porque, só assim,  a sociedade vai crer na Justiça”, afirmou.

Fonte: Jota