Com o objetivo de fomentar a cultura da conciliação, o coordenador do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, juiz Paulo César Alves das Neves, e o coordenador-adjunto, juiz Romério do Carmo Cordeiro, lançaram projeto inédito no País. O Mediar é Divino tem o intuito de capacitar líderes religiosos para mediação e conciliação de conflitos nas comunidades em que atuam.
Segundo o juiz Paulo César das Neves, a ideia é difundir e fortalecer o diálogo, bem como fomentar a adoção de meios extrajudiciais para resolução de conflitos. "Acreditamos que o projeto Mediar é Divino é uma forma de nos aproximarmos mais da população, levando uma alternativa de resolução de conflito que não seja a sentença," ressaltou.
Em consonância com esse propósito, o juiz Romério Cordeiro destacou que o objeto da iniciativa é mudar o foco, do litígio para o diálogo, promovendo a cultura de paz. "Hoje em dia as pessoas conversam pouco para resolver os seus problemas. Isso acaba gerando uma litigância muito grande. Sendo assim, procuramos identificar a quem a sociedade costuma recorrer para resolver suas demandas."
O magistrado sublinhou que o Mediar é Divino oferece ferramentas e técnicas para aqueles que já atendem de modo simples os fiéis e demais pessoas da comunidade que adentram os templos em busca de ajuda para solucionar problemas. "O projeto é uma alternativa. Não é a única opção. Trata-se apenas de mais uma porta para facilitar o acordo e a conciliação dentro da sociedade", arrematou Romério Cordeiro.
Diálogo e respeito
Lançado na Semana Nacional de Conciliação de 2015, o projeto ganhou repercussão nacional ao formar a primeira turma com 14 pessoas de igrejas católicas, evangélicas e espíritas. Os religiosos passaram por um curso de 40 horas teóricas e 60 horas práticas de estágio supervisionado. Para a efetiva atuação dos novos conciliadores, o TJGO conta com o apoio das igrejas para implementação do Espaço Mediar, isto é, uma sala de mediação, bem como disponibiliza os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), já instalados na capital, para homologação dos acordos celebrados, quando os interessados considerarem necessário.
A instrutora do curso, Marielza Nobre Caetano da Costa, salientou que o projeto respeita os conceitos, dogmas e princípios de cada religião. De acordo com ela, a aceitação da capacitação foi unanime entre os participantes da primeira turma, que não apresentaram resistência por possíveis divergências religiosas. “Tivemos audiências mediadas por um pastor evangélico e, como co-mediador, um líder espírita. Eles realizam o ato com uma união e comunicação únicas. Usaram seus conhecimentos religiosos e os ensinamentos judiciais para um ponto comum: a pacificação social."
Na ocasião, o magistrado Paulo César das Neves adiantou que, em breve, haverá a abertura de uma nova turma da capacitação.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ASMEGO