A Academia Brasileira de Magistrados lançou hoje (6) a Cartilha Maria da Penha, em defesa da mulher, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. A publicação no formato de história em quadrinhos explica e ensina as crianças como defender suas mães de agressões e violência doméstica.
Os 200 mil exemplares iniciais serão distribuídos a crianças da primeira série do ensino fundamental de escolas públicas municipais e estaduais. A idéia é que essas crianças sejam multiplicadoras e que levem a informação para casa.
Segundo o presidente da Academia Brasileira de Magistrados, o desembargador Heraldo Oliveira Silva, a cartilha é uma forma de conscientizar as pessoas de que não se deve maltratar as mulheres. “Nossa idéia é começar pelos mais novos, para que essa violência não aconteça no futuro.”
Além das crianças, os magistrados querem que as pessoas sem acesso à educação formal saibam de seus direitos e dos locais onde pode fazer reclamações. Silva disse ainda que o governo federal já se interessou pela cartilha e encomendou dois milhões de cópias. Outras entidades também devem ser parceiras do projeto e auxiliar na distribuição do material, como jornais e concessionárias de rodovias que distribuirão a cartilha nos pedágios.
Para o desembargador, a idade das crianças que receberão a cartilha nas escolas é a ideal. “Se deixar que a criança cresça assistindo a situações de violência, ela vai achar que é natural o pai bater na mãe, nas irmãs. Se demonstrarmos que não é esse o caminho correto, que o certo é o diálogo, o amor, a compreensão vamos ter futuros homens que combaterão essa violência doméstica.”
Na avaliação da terapeuta Magdalena Ramos, o ideal seria que as crianças ficassem fora de situações de violência em casa. Mas, como nem sempre é isso o que acontece, é preciso analisar a situação real. “A criança fica exposta a esse tipo de violência, portanto é melhor que ela esteja informada para saber minimamente o que acontece e o que deve fazer. E saber que por não ter como se defender, que a situação é ruim, ela não tem que aceitar”.
Magdalena ressalta que a linguagem deve ser mais generalizada, evitando pormenores que são inerentes ao relacionamento íntimo dos pais, como, por exemplo, falar detalhadamente de relações sexuais forçadas, liberdade sexual, aborto e uso de contraceptivos.
“Essas informações devem ser mais direcionadas à mãe. A criança não deve ser exporta a essas sutilezas, porque não participa diretamente disso. O que geralmente ela vê é o pai chegando bêbado, batendo na mãe, quebrando coisas, por exemplo. Entrar em detalhes é exagerado e desnecessário”, diz.
Magdalena reforçou que o primeiro contato das crianças com esse tipo de informação deve ocorrer na escola, em sala de aula para que as crianças sejam preparadas antes. “Deve haver um bate-papo, explicações. O educador deve observar quais crianças passam por essa situação em casa. O trabalho começa na escola. Com essa identificação pode haver uma orientação por parte das educadoras, orientadoras e diretores das escola”, afirma a psicóloga.