Simplicidade, retidão de caráter, serenidade e destreza. Essas qualidades, difíceis de serem reunidas em uma só pessoa, são totalmente aplicáveis ao desembargador Benedito Camargo Neto, que morreu, vítima de um câncer, na madrugada desta quinta-feira (31). Com mais de 25 anos de magistratura, Camargo Neto ficou conhecido pela sua discrição e sabedoria na condução de seus julgados.
“Um homem de sorriso com lábios contidos e coração expressivo”, definiu, emocionado, o ex-assessor e amigo de Camargo Neto, juiz Liciomar Fernandes da Silva, da comarca de Jaraguá. A comoção tomou conta do e-mail institucional dos juízes, onde diversas manifestações de carinho foram feitas pelos magistrados.
O juiz André Reis Lacerda, da comarca de Goianésia, externou seus sentimentos numa rede social. Ele descreveu o desembargador como “uma pessoa extremamente acessível, íntegra, exímia cumpridora de suas responsabilidades como cidadão e como magistrado”. Segundo ele, Camargo Neto se destacava por ser um dos juízes mais preparados da história recente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).
“Foi inúmeras vezes examinador de concursos (e tive a honra de ser examinado por ele). A saudade fica, mas espero que todo seu exemplo continue guiando a magistratura goiana para conseguirmos fazer uma Justiça cada vez mais eficiente e sobretudo humana”, escreveu.
Camargo Neto ingressou na magistratura em 1988 e passou pelas comarcas de Ivolândia (88 a 89), Petrolina de Goiás (89 a 91), Pirenópolis (julho e agosto de 91), Uruaçu (91 a 93) e Goiânia (93 a 2009), onde atuou na 9ª Vara Criminal, na 9ª Vara Cível e na 6ª Vara Cível. Em outubro de 2009, foi nomeado desembargador, com atuação na 6ª Câmara Cível do TJGO.
Chorando, a desembargadora Maria das Graças Carneiro Requi lamentou a morte do colega que, segundo sua avaliação, traçou sua carreira na magistratura goiana de maneira “primorosa”. “Foi com muita tristeza que recebi a notícia da morte dele, pessoa de grandes qualidades que, com simplicidade e companheirismo, teve comprometimento exemplar com a magistratura e grande senso de humanidade”, disse.
Já a desembargadora Elizabeth Maria da Silva contou que o que mais marcava a personalidade dele era a “retidão de caráter com que levava a vida pessoal e também sua árdua missão de julgar”. O desembargador Carlos Alberto França também manifestou sua consternação com a morte do colega e, como Elizabeth, ressaltou o caráter do desembargador Camargo Neto. “Tenho o desembargador Camargo Neto como magistrado exemplar e caráter irretocável. Partiu, mas deixou seu legado para posteridade”, disse.
Luto
O presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), desembargador Ney Teles de Paula, decretou luto oficial de três dias (de 31 a 2 de novembro) no Poder Judiciário goiano pela morte do desembargador Benedito Camargo Neto (foto). No Decreto Judiciário nº 2619/2013, Ney Teles de Paula observou que, ao longo de sua carreira profissional, Camargo Neto prestou relevantes serviços ao Poder Judiciário do Estado e lembrou que "cumpre reverenciar a memória de quem soube pauta a conduta na associação do esforço ao talento em prol do bem comum". Camargo Neto tinha 53 anos