Associação dos Magistrados do Estado de Goiás

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Método de solução de conflitos em família alcança 90% de conciliação

Em palestra na noite desta quarta-feira (11) na Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO), dentro da programação do 2º Encontro Nacional de Juízes de Família, o juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia Sami Storch trouxe um novo olhar para o trabalho do magistrado que atua nas Varas de Família. Como juiz, Storch tem experiência no uso de um método terapêutico desenvolvido pelo filósofo alemão Bert Hellinger, denominado Constelações Familiares, técnica esta que ele vem empregando na comarca em que atua, com resultados muito animadores do ponto de vista do alcance da conciliação entre as partes. “Há um índice aproximado de 90% de acordos nos atendimentos realizados com o uso desta técnica”, destaca o magistrado.


O juiz abriu o ciclo de conferências do encontro, promovido pela Escola Nacional da Magistratura (ENM) em parceria com a ASMEGOEscola Superior da Magistratura do Estado de Goiás (Esmeg) e Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. O evento tem continuidade nesta quinta e sexta-feira com temas bastante atuais relacionados com o Direito de Família. A conferência de abertura do evento contou com a presença do presidente, juiz Gilmar Luiz Coelho; diretor-presidente a ENM, desembargador Roberto Bacellar; diretora da Esmeg, juíza Maria Socorro de Sousa Afonso Silva; desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves Oliveira – que representou, no encontro, o desembargador presidente do TJGO Ney Teles de Paula – e as juízas coordenadoras locais do evento, Sirlei Martins da Costa e Maria Cristina Costa, titulares da 1ª e 4ª Vara de Família de Goiânia, respectivamente.


Sistema


Segundo o juiz Sami Storch, no método das Constelações Familiares trabalha-se não o indivíduo, mas o sistema. Ao usar a técnica, explica, as partes envolvidas no processo são chamadas a se colocarem no lugar do outro. Lembra, o magistrado, que os relacionamentos são regidos por leis, códigos que, quando descumpridos, geram consequências, em forma de conflitos, dentro da família, que funciona como um sistema. Na técnica utilizada por ele no TJBA, pessoas com demandas na Justiça por diversas razões, como separação, guarda, pensão alimentícia, são convidadas a pensar uns nos outros, no que cada um experimentou dentro das relações que estão, naquele momento, postas ali na audiência. “O objetivo central é pacificar. E é fundamental o juiz buscar formas de pacificar as partes.”


Ouça entrevista em áudio em que o magistrado explica o uso do método das Constelações Familiares na resolução de conflitos familiares.



Ampliar o foco


O diretor-presidente da ENM, desembargador Roberto Bacellar, lembrou que encontros desta natureza são pensados com foco interdisciplinar. E afirmou que é papel do Direito, também, olhar a área de Família com um olhar diferente. “Em Direito de Família não se mata processos, mas resolve-se conflitos”, defende. O aspecto interdisciplinar do encontro também foi reforçado por uma das coordenadoras do encontro, juíza Sirlei Martins. “Nós estaremos reunidos estes dias não apenas entre juízes, advogados, mas também com psicólogos, assistentes sociais, ou seja, com uma rede de profissionais que atendem nesta área”, frisa.


Ouça entrevista em áudio em que a magistrada Sirlei Martins fala mais sobre o encontro.



O presidente da ASMEGO, juiz Gilmar Luiz Coelho, disse que se sente honrado pelo fato de a associação sediar encontro que discutirá assuntos tão atuais, como guarda compartilhada; violência doméstica; reprodução assistida, entre outros. “Os magistrados goianos só têm a ganhar com a atualização em temáticas desta natureza, tendo em vista que é cada vez maior a demanda, na Justiça, por questões relacionados a estes assuntos”, destaca.


Diretora da Esmeg, a juíza Maria Socorro de Sousa Afonso Silva agradeceu o empenho da ENM em realizar o encontro em Goiás. E destacou, nesse processo, o papel da juíza paranaense Marlúcia Ferraz Moulin, que é coordenadora pedagógica da Escola Nacional da Magistratura e que esteve presente na cerimônia de abertura do encontro. “Agradeço à Escola Nacional a confiança depositada em nós. O Direito, como uma ciência, deve também evoluir. E é isso o que estaremos fazendo nesses dias. Espero que todos nós saiamos deste evento melhores e com capacidade de atuar com maior propriedade dentro dos núcleos familiares.”


O encontro será retomado nesta quinta-feira, às 9 horas, com palestra da psicóloga, psicodramatista e doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Maria Dolores Cunha Toloi. Ela abordará o tema Efeitos da guarda compartilhada sobre as crianças que a vivenciam.


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