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Palestrante defende diálogo entre Psicologia e Judiciário

“É imprescindível o diálogo da Psicologia com o Judiciário.” A afirmação é da psicóloga Maria Dolores Cunha Toloi, que ministrou, esta quinta-feira (12), a palestra Efeitos da Guarda Compartilhada sobre as Crianças que a Vivenciam, no segundo dia do 2º Encontro Nacional dos Juízes de Família. Com o tema Direito de Família e Evolução Social, o evento é realizado na sede da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO), no Jardim Goiás, na Região Sul de Goiânia.


Autora do livro Sob o Fogo Cruzado: conflitos conjugais na perspectiva de crianças e adolescentes, Maria Dolores alertou para a necessidade de se observar como as crianças que vivem sob alguma situação de risco serão impactadas pela guarda compartilhada. Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ela ressaltou que o Direito e a Psicologia têm lógicas diferentes.


Enquanto o Judiciário baseia-se no aspecto legal, a Psicologia vai atrás da motivação pela qual o indivíduo praticou um ato, analisou Maria Dolores, que também é psicodramatista. Na avaliação dela, o Judiciário atua para colocar limites em famílias disfuncionais. “80% das famílias são disfuncionais, inclusive as nossas”, ponderou.


Numa situação em que têm de lidar com algum problema específico, as famílias disfuncionais, em vez de resolvê-lo, criam um problema maior, de acordo com explicação da psicóloga. “É nesse sentido que entra a briga, o litígio, porque colocarmos a culpa no outro é sempre mais fácil que enxergarmos os nossos próprios problemas”, avaliou.


Maria Dolores disse, também, que outro desafio é acelerar as respostas às demandas judiciais apresentadas pelas famílias. Segundo ela, a demora do Judiciário não corresponde às necessidades. “O Judiciário demora tanto, demora tanto, que, ao analisar um processo, o caso já está diferente de quando chegou. O processo entra com uma configuração e, depois de um ano, está totalmente diferente”, pontuou, para acrescentar: “Quanto maior a possibilidade de diálogo, maior será a chance de fazermos mais bem às famílias.”


Assistiram à palestra promotores de Justiça, juízes, estudantes de Direito e demais profissionais que lidam com conflitos familiares. Na tarde desta quinta-feira, a juíza do Rio Grande do Sul Adriana Ramos de Mello ministrou a segunda palestra do dia, com o tema Os Efeitos das Medidas Proferidas pelo Juizado da Violência Doméstica nas Causas de Família Correlatas.


O congresso é promovido pela Escola Nacional da Magistratura (ENM) em parceria com a ASMEGO, Escola Superior da Magistratura do Estado de Goiás (Esmeg) e Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). O último dia do evento será esta sexta-feira (13).


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