Associação dos Magistrados do Estado de Goiás

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Programa da Record TV mostra a rotina de juízes ameaçados

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Eles são vigiados de perto 24 horas por dia, no trabalho e na própria casa, por homens armados de pistola e fuzil. Estão sob constante ameaça de atentados e emboscadas, sem direito de viver em família como gostariam. São juízes sentenciados de morte pelo crime organizado. Este é o tema do programa Câmera Record desta quinta-feira (2), às 22h45, na Record TV.

Durante seis meses, os repórteres acompanharam a rotina restrita de magistrados "marcados para morrer" por facções criminosas, grileiros de terra, pistoleiros e políticos poderosos.

Yedda Christina Assunção é juíza titular da Vara Criminal de São João do Meriti, na Baixada Fluminense (RJ), região com maior índice de criminalidade do estado. Há pouco mais de um ano com escolta armada e carro blindado, Yedda está sempre preparada para enfrentar o pior.

— Na verdade é o nosso grande medo, a emboscada. Tanto de milicianos quanto de organizações criminosas. A fuga seria difícil e poderia causar danos a outras pessoas.

No estado do Rio de Janeiro, outros quatro magistrados vivem na mesma condição de Yedda. Alexandre Abrahão é presidente do Terceiro Tribunal do Júri da capital carioca há 19 anos. Há 13, anda com escolta.

— Já recebi inúmeras ameaças. Até perdi as contas.

Alexandre já julgou dois dos traficantes mais conhecidos do Rio de Janeiro: Fernandinho Beira Mar e Elias Maluco. O juiz diz que nunca teve de medo de julgar seja quem quer que fosse.

— Esse medo eu não tenho porque nunca me deixei influenciar pelo externo. Tento criar uma relação direta entre o processo e o juiz. Eu sou o juiz e o processo está na minha frente. Eu julgo o fato.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 132 magistrados estão protegidos por agentes em todo o País.

Na imensidão do Brasil rural, o juiz Heliomar Rios, de uma pequena comarca no sul do Piauí, desafia grileiros. Ao descobrir que é alvo de pistoleiros, passou a viver trancado num pequeno cômodo de uma pensão sem proteção alguma.

— Muitos pensam, como já foi dito, que o magistrado vive em palacetes, é magnata, mas é essa nossa vida. Não só a minha, mas de muitos magistrados no Brasil.

Heliomar foi escoltado por três anos. No meio de 2016, por ordem do tribunal, teve que abrir mão dos seguranças. Mesmo contra a própria vontade.

— Tive que tirar a minha família. Eles moravam aqui comigo. Minha filha perdeu o ano escolar. Não pode estudar nesse ano devido a retirada daqui da cidade de Bom Jesus.

Em uma das sentenças de maior repercussão, Heliomar bloqueou 124 mil hectares daquele que seria, segundo as investigações da polícia, o maior grileiro da região, o empresário Euclides de Carli.

Ao mandar prender catorze políticos, entre eles, um ex-governador, Selma Arruda entrou para lista dos "marcados para morrer". Selma é responsável pela Vara de Combate ao Crime Organizado de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Há um ano e meio, ela precisa de proteção da Polícia Civil do estado para viver.

Na fronteira mais explosiva do Brasil, um magistrado já condenou mais de 100 narcotraficantes, confiscou centenas de mansões e carros de luxo e tomou mais de 2 bilhões de reais do crime do crime organizado: é o doutor Odilon de Oliveira. Hoje, ele é o número 1 da lista de juízes ameaçados de morte e está há 17 anos sob proteção da Polícia Federal, dia e noite. Segundo a investigação do serviço de inteligência brasileiro, bandidos oferecem 1 milhão de reais pela morte dele.

— Os inimigos mesmo que eu tenho são traficantes, grandes traficantes. Contrabandistas, lavadores de dinheiro. Sempre relacionado ao tráfico. Falta aquela liberdade que a pessoa tinha antes, porque depois da vida e da saúde, a liberdade ocupa o primeiro lugar. Então, isso faz muita falta.

Após 30 anos no combate ao crime organizado, Odilon de Oliveira não esconde que já pensa em se aposentar. Mas, por lei, sabe que quando deixar o cargo de juiz também vai perder a proteção.

Fonte: Portal R7, com edição da Assessoria de Comunicação da ASMEGO | Mediato Multiagência