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TJGO: Emoção toma conta de aprovados em prova oral de concurso para juiz substituto

Foi com um abraço emocionado, mãos trêmulas e lágrimas nos olhos que a escrivã Wanira Sócrates de Bastos, da 10ª Vara Cível de Goiânia, expressou a alegria e o orgulho da filha Andrea Sócrates de Bastos, de 29 anos, que está entre os 48 candidatos aprovados na prova oral do 54º concurso para juiz substituto de Goiás, cujo resultado foi divulgado oficialmente nesta quinta-feira (25). “Sou testemunha viva do esforço da minha filha e das noites e dias intermináveis de estudo. Tenho convicção de que sua vocação para a magistratura é nata e sei que ela será uma das juízas mais dedicadas desse Estado”, garantiu, ao comentar que possui um histórico familiar ligado à área jurídica, uma vez que duas das suas filhas são promotoras e vários parentes atuam no ramo do Direito.


O trabalho como voluntária em cartórios, escritórios de advocacia e recentemente na 7ª Vara Cível de Goiânia, foi fundamental para que Andrea Bastos fosse aprovada no certame. “Passar num concurso desse nível exige muita disciplina e estudo. Mas procurei aprender um pouco de tudo. Participava de audiências e como não tinha prática em sentença, tentei me aperfeiçoar nesse aspecto”, disse. Por acreditar que a Justiça ideal deve priorizar o âmbito social e estar ao lado do cidadão, a futura juíza ressaltou que as necessidades do dia a dia tornam o magistrado mais sensível para essas questões. “O juiz que só fica restrito ao gabinete muitas vezes não consegue enxergar a própria realidade que o cerca e que envolve as partes”, pontua.


A dedicação e a disciplina também fizeram com que a procuradora da Fazenda Nacional, Ana Paula de Lima Castro, que se formou em 2004 no curso de Direito, alcançasse o tão sonhado objetivo. “Estudava uma média de 8 horas por dia e acordava às 4 horas, pois tinha que trabalhar. Não tive férias ou finais de semana e voltei toda a minha vida para passar nesse concurso”, afirmou. Segundo a procuradora, que já foi escrevente, assessora de juiz e analista do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), a experiência de vida, além da profissional, também é um fator de suma importância para o ingresso na magistratura. “Pretendo me dedicar exclusivamente à atividade judicante, me manter sempre atualizada, e aproveitar as experiencias que possuo para julgar de forma correta e humanizada”, declarou.


Já o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), desembargador Paulo Teles, ao receber os novos juízes no gabinete da Presidência fez questão de cumprimentar cada um pessoalmente e classificou a ocasião como “ o segundo momento mais feliz” de sua vida. “Temos passado por uma constante renovação no Judiciário goiano, Quando cheguei aqui eram apenas 26 desembargadores e destes permanecem, além de mim, somente o desembargador José Lenar de Melo Bandeira. Por isso me senti realizado com a nomeação de 10 novos desembargadores, ou seja, houve uma renovação de 98% no quadro do Judiciário goiano. Essa transformação é irreversível e demonstra que estamos entrando em novos tempos”, enfatizou.


Concurso inovador e humanizado


Ao transmitir uma mensagem de boas-vindas aos candidatos, Paulo Teles aproveitou a oportunidade para elogiar o padrão de qualidade, a lisura e a transparência na realização do concurso. A adoção de uma filosofia moderna e humanizada, de acordo com o presidente do TJ, não foram empecilhos para avaliar o preparo e a inteligência dos candidatos, ao contrário do que ocorre na maioria dos certames tradicionais. “Goiás hoje dá exemplo para o Brasil e essa comissão teve a coragem de inovar, pois além do conhecimento jurídico observou o comportamento e a vocação dos candidatos. Nunca preguei que devemos abrir as portas da magistratura para pessoas despreparadas e que não tem responsabilidade com a função. Mas acredito ser inadmissível que num concurso para juiz seja aprovado somente um candidato, como já chegou a acontecer em outros certames nacionais, com tanto déficit de juízes. Temos que julgar os candidatos também pelo aspecto humano”, acentuou.


Referindo-se à magistratura como uma “missão sagrada e grandiosa”, Paulo Teles alertou os candidatos para a responsabilidade do cargo e aconselho os futuros juízes a ter sensibilidade para os problemas sociais, contribuindo, assim, para aproximar, de forma efetiva, o Judiciário da comunidade. “A magistratura requer renúncia, sacrifício e muita dedicação. Sejam dignos da confiança do povo. Não deixe que os cidadãos os vejam numa vitrine, nem como seres superiores ao mais humildes. Vocês são, antes de tudo, instrumento da Justiça e da paz social”, conclamou.


Durante a apresentação dos candidatos a Paulo Teles, o desembargador Leandro Crispim, presidente da comissão organizadora, falou sobre o trâmite tranquilo e transparente no qual transcorreu o concurso e ressaltou o alto nível dos candidatos. “Entre os aprovados temos juízes de outros estados, promotores, delegados, procuradores, entre outros. Esse é um motivo de orgulho para todos nós. Só tenho a agradecer todos os membros da comissão e ao presidente do TJ pelo empenho na concretização do certame”, frisou. Para o desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga, também membro da comissão, a efetivação e o êxito do concurso se devem principalmente à disponibilização, pelo presidente do TJGO, de todos os meios indispensáveis para sua concretização. “A grandiosidade desse gesto não se exprime com simples palavras, pois a prova é viva e está refletida nesse candidatos”, enalteceu.


Parabenizando todos os candidatos, o desembargador Benedito Camargo Neto, que integra a comissão pela terceira vez consecutiva, falou sobre a avaliação criteriosa a que eles foram submetidos e contou que foi reprovado numa prova oral para concurso de juiz quando foi questionado sobre uma súmula. “O nervosismo e outras circunstâncias externas muitas vezes contribuem para que o candidato não sai bem no concurso, como já aconteceu comigo. Isso não quer dizer que ele não esteja apto ao cargo, mas deve servir de estímulo para novos desafios”, afirmou.


Embora tenha passado no concurso para juiz com apenas 23 anos, o juiz Fabiano Abel Aragão Fernandes, outro integrante da comissão, lembrou que foi reprovado em dois concursos, um em Goiânia e outro no Distrito Federal, antes de ingressar na magistratura. “Para aqueles que não conseguiram passar na prova hoje, asseguro que vocês não devem desanimar, pois sou um exemplo de que é possível passar no concurso quando se tem boa vontade, dedicação e empenho. E para os aprovados afirmo que vocês não devem encarar a magistratura como um simples emprego, pois a conduta individual de cada um se reflete no todo. Devemos atender as necessidades do cidadãos, já que é a eles que servimos”, aconselhou.


Também membro da comissão, o juiz Wilton Muller Salomão, auxiliar da Presidência do TJGO, falou sobre a importância da união da classe e elogiou a condução do concurso. “Nós juízes devemos nos unir em torno do ideal de uma Justiça mais humana e próxima do povo. Vocês são o futuro do Judiciário. Também gostaria de deixar meu registro sobre a forma transparente e correta com que o desembargador Leandro Crispim conduziu esse certame. Tudo transcorreu na mas absoluta normalidade e foi repassada uma tranquilidade ímpar aos candidatos”, acentuou.


Fazem parte da comissão o desembargadores Leandro Crispim (presidente), Benedito Camargo Neto, Luiz Cláudio Veiga Braga, Carlos Alberto França, além dos juízes Wilton Muller Salomão, auxiliar da Presidência do TJGO, Gerson Santana Cintra, substituto do 2º grau, e Fabiano Abel Aragão Fernandes.


A lista dos aprovados na prova oral já está disponível no site do TJGO,  através do link concursos.