
Esse entendimento da ministra aposentada do STJ deixa a magistratura hoje estarrecida. Vossa excelência, ao se expor à imprensa, parece desconhecer os fatos que os próprios veículos de comunicação narram sobre a insegurança que cerca os magistrados no dia a dia nas Varas Criminais e em inspeções nas unidades prisionais espalhadas Brasil afora.
Ao fiscalizar in loco os presídios para fazer cumprir a Lei de Execução Penal, os magistrados se deparam cotidianamente com reeducandos armados, em prédios deteriorados, sem condições dignas de higiene, amontoados em celas que mais se assemelham a depósitos de gente, muito distante do propósito de reinserção dessas pessoas na sociedade.
O resultado que todos os brasileiros testemunham agora, quem sabe poderia ser diferente se a ministra aposentada, enquanto na ativa como corregedora nacional de Justiça, tivesse investido seu tempo e sua capacidade nas inspeções presenciais nas casas de detenção. Por isso, inclusive propomos à ministra Eliana Calmon que diga ao povo brasileiro quantas vezes ela, no tempo de corregedora nacional, esteve pessoalmente em presídios, fiscalizando o cumprimento de penas, assim como fazem regularmente os magistrados de Norte a Sul do Brasil.
A situação calamitosa das nossas unidades prisionais só admite uma verdade: é tempo de trabalhar para mudar esse cenário. Os juízes, podemos afirmar, estão cumprindo rigorosamente o dever que lhes é imposto por lei.
Wilton Müller Salomão
Presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás