
"Eu não conheço ninguém que faça quadros com esse tipo de material", disse a artista plástica ao mostrar as suas obras à reportagem da ASMEGO
O apreço pelas artes sempre acompanhou a juíza aposentada Pulcina Silva Ferreira, de 77 anos. Mas, o desenvolvimento de sua veia artística só ocorreu a partir de 1994, quando deixou de exercer a judicatura. Em busca de atividades com cunho terapêutico, a magistrada começou a cultivar orquídeas e a pintar quadros com flores e folhas moídas, unindo arte à paixão pela natureza.
Em busca de uma espécie de orquídea típica de Roraima, a juíza Pulcina viajou até a cidade de Boa Vista, em 2000, onde conheceu o Rio Água Boa e pensou, pela primeira vez, na possibilidade de fazer as telas com terra. "Fiquei impressionada com a beleza do rio de areias coloridas. Tive a ousadia de trazer um pouco de lama para testar minha ideia", relembra. No entanto, Pulcina Ferreira não obteve sucesso nessa experiência inicial. Ao fazer a lavagem da terra, parte fundamental do processo de preparação da matéria-prima, a amostra petrificou.

Após algumas tentativas ela descobriu que a água filtrada era ideal para o preparo da terra. Para o processo não ficar muito caro, passou a levar o material para a sua irmã Maria Isabel Vieira, também artista plástica graduada pela Universidade Federal do Estado de Goiás (UFG), "perita em lavagem de terra, realizar esta etapa", destaca. A partir daí, a juíza aposentada dedicou-se a conhecer mais sobre a pintura e não parou mais de produzir telas com terras coloridas.
Pulcina Ferreira, que já conheceu 10 países, transforma suas viagens de lazer com a família em verdadeiras aventuras em busca de novas matérias-primas para compor suas obras. "As viagens são descobertas e aventuras, a melhor parte é encontrar as terras." O trabalho da artista plástica é reconhecido nacionalmente pelo diferencial estético. "Eu não conheço ninguém que faça quadros com esse tipo de material", afirmou.

No currículo artistíco estão 10 exposições dos quadros e 8 exposições das orquídeas. Pulcina expôs suas obras durante 3 anos em um shopping da capital. Apesar do reconhecimento e do espaço no mercado, ela conta que não faz as telas com o objetivo de vender. "Gosto de presentear os meus amigos e familiares. Não sou boa para negociar", brinca.
A magistrada aposentada ainda alimenta o gosto pela música e pela literatura. Membro da Academia de Letras e Artes de Paraúna, cadeira nº 21, Pulcina Ferreira é autora de dois livros, o bem-humorado A dona de casa - 50 situações para sorrir e meditar e a obra sobre o seu patrono e sogro, Justiniano sua história, sua vida.
A magistrada
Pulcina Silva Ferreira é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás) e em Letras pela Universidade Federal do Estado de Goiás (UFG). Ingressou na magistratura em 1976 e aposentou-se em 1994, quando era titular da 11ª Vara Criminal de Goiânia. Atuou nas comarcas de Joviânia, Jataí, Cachoeira Alta, Araçu, entre outras. Também atuou como promotora de Justiça em Edéia.
A magistrada aposentada é casada com o também juiz aposentado Edgar Ferreira e mãe da juíza titular da 1º Juizado Especial Criminal, Liliam Margareth da Silva Ferreira Araújo, 42 anos; e da advogada Lamária Ferdinanda da Silva Ferreira, 40 anos.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ASMEGO